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CRÔNICA


A TRAJETORIA DE UMA PSICÓLOGA 

Tudo começou com a escolha; “isso ou aquilo”, já diria  Cecília Meireles! Ou se escolhe medicina e não se escolhe psicologia, ou se escolhe psicologia e não se escolhe medicina.”Isso ou aquilo”. Eu escolhi psicologia! O primeiro ano, “Deus nos acuda”; cada professor que entrava  na sala, falava um monte de nomes e de teorias como se tudo fosse familiar a todos. Várias vezes, coloquei o pé para fora e os colegas me puxaram de volta. Levei  um tempo até a linguagem se tornar familiar, para isso, dias e dias na biblioteca. É, no meu tempo o Google não era nada familiar. Sobrevivendo ao primeiro ano, os quatro restantes, que sufoco; não havia tempo para respirar senão junto a filósofos, psicólogos, pesquisadores e afins. Os estágios; maravilha! Já me sentia psicóloga. Quando alguém  me perguntava o que estava fazendo, respondia de boca cheia; estou terminando o curso de psicologia. Já começava a ver as pessoas de forma diferente. Achava que tinha o olhar mais clínico e mais crítico que qualquer pessoa. Ledo engano! O problema começoude fato, no estágio de clínica quando fui atender o primeiro paciente. Quem não sentiu o que eu senti, “atire a primeira pedra”. Ele estava marcado para às cinco da tarde. Tudo ensaiado com a supervisora, papel de anamnese na mão, é só seguir os passos. Tremendo dos pés à cabeça, olho fixo no relógio, cada minuto parecia uma hora. Tomara que ele se atrase ou até não venha. Cada minuto que ele atrasava, meu coração pulava mais forte.  E ele não veio! Ufa! Fui salva pelo gongo! Mas um dia ele, o primeiro, virá! Aí começa o grande questionamento; e se ele souber mais do que eu? Quanta insegurança! Meu primeiro paciente na clínica da faculdade, para aumentar mais meu sofrimento, vertia-se de branco e era muito bonito. Alto, branquinho, cabelinho raspado, só pode ser médico! Passei pela sala de espera, e mais adiante uma colega que perguntou; quem vai atender a este médico? E eu respondi enchendo o peito de medo e orgulho: – Eu! Subi a escada para preparar a sala. Chegando la, joguei no chão  os livros que trazia e pensei em voz alta: e agora? Respirei fundo, lembrei dos ensaios e chamei o moço. Um gracinha, diria a Hebe! Ele não era médico, era cabeleireiro. Fizemos um vínculo muito bom e fui muito bem orientada pela minha supervisora. Depois, vem a formatura. Colação, festa, fotos e despedidas. O primeiro ano de formada optei em ficar na clinica da faculdade no projeto recém formados. Não se ganha dinheiro mas se tem o respaldo da faculdade no que diz respeito à supervisão e prática. Quanto sorri e quanto chorei com os pacientes! Leva um tempo para você se habituar com o sofrimento. Saí da clinica da faculdade com cinco pacientes e montei meu consultório. E como dizia uma mestra, um tanto pessimista ou realista; para iniciar uma profissão de psicóloga ou você é bem nascida ou bem casada. E eu não era uma coisa nem outra. E é preciso ter dinheiro para investir; cursos, congressos, livros, supervisão e terapia pessoal. É, psicólogo tem que fazer terapia! Bom, jogar na loteria não era minha prática. Prefiro coisas mais concretas. Fui fazer algo para vender. Aliás, vendi muito sanduíche natural e muito perfume para pagar a faculdade. Sempre sonhei muito alto, não financeiramente, mas conhecimento. Fazer especialização na USP fazia parte desses sonhos. Cheguei lá e muito além! Ter muito conhecimento, ser uma excelente terapeuta, quem não sonha? E só com muito estudo muita,troca com colegas, cursos, congressos,uma busca eterna. Enquanto eu viver, quero ser psicóloga, a melhor profissão do mundo.

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E POR FALAR EM CRISE…


crise 

 

Por Lourdes Sola

 

 

Gosto de me reportar a algum texto ou alguma parábola para exemplificar fatos. Já havia escutado da sabedoria antiga, mas foi muito bem retratado no livro “O QUE PODEMOS APRENDER COM OS GANSOS” de Alexandre Rangel. Entre mais de duas centenas destas parábolas, tem uma que fala o seguinte: “Certa vez, um profeta e um discípulo, estando em viagem, pediram pousada em uma das residências que encontraram ao longo do caminho. Na hora do jantar, foi-lhes oferecido somente um copo de leite. Era a única coisa que o dono da casa tinha para oferecer, embora na casa fossem todos saudáveis, tanto pai quantos filhos. A terra era boa, tinha bastante área para plantio, mas a família nada cultivava. Em toda a terra havia somente umas vacas leiteiras, de onde vinha o leite que sustentava toda a família”.

Pela manhã, o profeta e seu discípulo levantaram, agradeceram a hospedagem e seguiram viagem. Um pouco adiante da casa, viram que a vaca pastava à beira de um precipício. O profeta então ordenou que o discípulo empurrasse a vaca para o penhasco. O discípulo relutou, mas obedeceu e empurrou a vaca barranco abaixo, a qual morreu na queda.

Anos depois, o profeta e o discípulo voltaram àquela região e novamente pediram pousadas na mesma casa. Observaram imediatamente que muitas mudanças haviam acontecido naquela família; já se viam plantações ao redor da casa, animais pastavam no terreno todos se movimentavam e ocupavam-se com algumas tarefas. Na hora do jantar, foi servida uma comida excelente, preparada com a colheita da própria terra que foi orgulho para todos. Pela  manhã, o profeta e o discípulo despediram-se da família e seguiram viagem. O profeta então disse para o discípulo: “se não tivéssemos empurrado a  vaca no precipício, a família nunca teria  se desenvolvido, trabalhado e cultivado a terra que possuía.”

Esta parábola mostra com simplicidade o que acontece com todo ser humano. Quando estamos numa situação de conforto, embora com a certeza que podemos e merecemos muito mais, dificilmente buscamos crescimento ou, se temos a pretensão, deixamos para o dia seguinte e vamos postergando dias afora. Aí o mundo balança e mexe com nossa zona de conforto. Só aí lamentamos o tempo perdido. Falo sempre para os meus “discípulos” ou pessoas que me procuram: invista em você! Sempre! Se a situação está boa, busque a melhor! Quando nos acomodamos numa situação estamos mais vulneráveis. Se plantarmos só um tipo de cultura, estamos fadados a na primeira chuva forte, ficarmos sem alimento. Li em algum lugar que: “monocultura e subdesenvolvimento andam de mãos dadas”. Então não espere que a crise chegue para que você pense num plano B. Este plano tem que lhe acompanhar sempre. Além do investimento intenso na sua área de atuação, desenvolva outras habilidades. Assim, quando “a vaca rolar o barranco”, você terá estratégias de sobrevivência.

De qualquer forma, se você foi pego de surpresa, aproveite e descubra outros potenciais que você nem imaginava que tinha. Os obstáculos aparecem em nossas vidas para que despertemos nosso gigante interior. Se os mitos ressurgem das cinzas, porquê não você?

Pense nisso!