ANSIEDADE E MUDANÇA DE HUMOR

Por Lourdes Sola

Este artigo tem como objetivo orientar comportamentalmente a pessoa que sofre com ansiedade e mudança de humor. Não substitui avaliação psiquiátrica, nem medicação. É um complemento.

Começando pelo princípio da NEUROCIÊNCIA que diz:

“Não se pensa genuinamente duas coisas ao mesmo tempo. Dois pensamentos não ocupam o mesmo cérebro ao mesmo tempo.”

Logo, ou você RUMINA, (circula nos mesmos pensamentos que lhe trazem desconforto) ou você conversa consigo, com alguém, canta, reza, etc.

Se você rumina, ou tem um alto padrão de exigência, ou quer ter o controle sobre tudo e estará sempre acionando o sistema nervoso autonômico simpático produtor de adrenalina e cortisol e, consequentemente, do sofrimento ligado à ansiedade e mudança de humor.

A AMÍGDALA do cérebro é responsável pela manifestação das nossas emoções e de nossa sobrevivência, pela luta ou pela fuga. Ela é primitiva e só entende perigo real, não entende preocupação. Qualquer desconforto, seja ele físico ou psicológico, é entendido como perigo, que chegará mais cedo ou mais tarde.

Se você tirar o foco, conversar com você mesmo (autorrelato), direcionando a atenção para algo do ambiente e “ligar o dane-se” para o que o você não pode controlar (“abraçar o capeta” rs), acionará o sistema nervoso autonômico  parassimpático e, com a ação da acetilcolina, ficará relaxado e evitará o descontrole de hormônios responsáveis pela mudança de humor.

Ruminar desencadeia sofrimento de ansiedade e mudança de humor. A orientação é: se você tem controle de uma situação, se ela estiver na linha do presente, resolva! Se estiver na linha do passado, você já perdeu o controle. Se estiver na linha do futuro, você ainda não tem controle. Logo, volte a sua atenção para o que você tem efetivamente controle.

Dois pontos importantes para considerar: autocontrole e assertividade

Autocontrole: não beba o veneno que o outro lhe dá! Não entre em qualquer provocação. Respire e conte até mil, se necessário. Espere a adrenalina cair e depois exerça a assertividade.

Assertividade: depois do autocontrole, pratique a assertividade. Fale o que o que você sentiu, mas de modo já organizado. Assertividade é falar o que sentiu de forma a lhe satisfazer e não agredir ao outro.

LEMBRETE IMPORTANTE: ANSIEDADE É A RESPOSTA DO NOSSO CÉREBRO ÀS SITUAÇÕES COM AS QUAIS NÃO SABEMOS LIDAR. Ela não brota do nada; ocorre por conta de algo, embora exista um facilitador biológico. Sempre que ficar ansioso(a), procure que vai achar o motivo. Isso já ajudará a aliviar o mal-estar físico. Depois, procure resolver o que lhe incomoda, seja negociando, seja saindo de perto ou dançando conforme a música.

Uma vida com bom gerenciamento do estresse, seguindo as orientações acima e algumas orientações abaixo, já tem um bom caminho na linha positiva.

O que você pode fazer para melhorar seu quadro de humor:

Fique atento (a):

              NEUROTRANSMISSORES que andam de mãos dadas e interferem no seu equilibrio: ADRENALINA, que é casada com o CORTISOL (hormônio oxidativo); SEROTONINA, DOPAMINA e um aminoácido chamado GLUTAMATO (exitatório). Todos eles atuam de maneira significativo no HUMOR.

Algumas mudanças comportamentais que podem ajudar muito:

* Regular o sono (pelo menos regular o horário de acordar);

* Evitar alimentação inflamatória (açúcar refinado, gorduras trans, trigo e derivados, frituras, refrigerantes);

Ter boas práticas como:

* Atividade física prazerosa;

* Boas relações;

* Meditação: ajuda o cérebro a se aquietar e acionar cada vez menos o pedido de socorro (aumento da adrenalina);

* Suplementos;

* N-acetilcisteína (forma em suplemento da cistina que nosso corpo produz e promove efeito antioxidante). Ajuda inclusive na dependência química;

* Ômega 3 de boa qualidade que tenha na composição 60% de EPA E 40% de DHH, totalizando pelo menos 1200mg dia.

SINAIS DE QUE VOCÊ ESTÁ NO ESPECTRO BIPOLAR:

* Depressão na família que não responde a antidepressivos;

* Alcoolismo na família ou dependência de outras substâncias psicoativas;

* Pais, avos, tios, com humor irritado, “pavio curto”, vício em substâncias, jogos e outras perdas de controle de impulso;

* Depressão pós-parto;

* Humor baixo com agitação (confundida com ansiedade);

*Aceleração do pensamento (o cérebro parece ligado, principalmente à noite).

Em caso de dúvida, procure um psiquiatra especialista em humor.